sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Mentalsoma

Thiago Leite

            Na natureza, encontramos uma enorme variedade de seres vivos, com diversas funções fisiológicas e mecanismos adaptados às mais diversas necessidades de sobrevivência. Há animais que possuem um corpo apto a correr, como a zebra, e outros a matar, como o tubarão branco. Há aqueles que desenvolveram, ao longo da evolução, instintos sociais e estabelecem entre seus espécimes e até com outras espécies um complexo relacionamento, como as abelhas e formigas.
            Alguns animais possuem a capacidade de pensar e ponderar sobre os problemas que encontram ao seu redor, e devem isso, em parte, ao cérebro desenvolvido. Entre todos os animais conhecidos na Terra, aquele que possui a maior complexidade do cérebro é o ser humano (Homo sapiens sapiens).
            O cérebro permite uma vasta gama de atividades mentais: perceber o ambiente ao redor de maneira complexa, relacionando vários sentidos diferentes: associar sentidos, percepções e ideias; lembrar de experiências passadas e criar novos conceitos e inventos, baseando-se no repertório já acumulado dessas experiências; elaborar meios de comunicação que permitem o intercâmbio de ideias entre várias consciências, como, por exemplo, um texto escrito, que pode ser decodificado por alguém que conheça aquele idioma; e muitas outras.
            Porém, a consciência é uma realidade muito mais complexa do que aquilo que permitem as funções de um cérebro. A experiência pessoal e a autoinvestigação podem nos mostrar que as funções mentais extrapolam o espaço compreendido pelo encéfalo.
Um exemplo de uma autopercepção que transcende as sensações físicas é a experiência-fora-do-corpo, projeção astral ou projeção da consciência. Nessa experiência, temos a nítida impressão de que nossos processos mentais acontecem fora do cérebro. Além disso, nesse estado nossas sensações ficam até mais aguçadas e nossos processos mentais extrapolam a capacidade e velocidade comuns à vigília física ordinária.
            O conceito psicanalítico de inconsciente serviu para explicar como nossa mente pode ser poderosa durante os sonhos ou em estados hipnóticos. Porém, nestes estados, não mantemos a lucidez nem o discernimento. Portanto, a projeção da consciência precisa ser abordada de uma outra maneira, já que é um processo no qual mantemos total controle consciente de nossa mente e de nossas ações.
            Outra falha da teoria do inconsciente para explicar a projeção da consciência é que muitos relatos dessas projeções mostram que a pessoa pode perceber coisas muito além do alcance dos sentidos do corpo. Nas experiências de quase morte (EQMs), por exemplo, em que um paciente em mesa de cirurgia passa por um estado de morte cerebral e retorna à vida depois, muitos pacientes relatam ter presenciado, fora do corpo, algum acontecimento que não poderiam ter visto ou ouvido durante o momento em que seu corpo não poderia registrar nenhuma percepção, pois estava morto.
            Essas experiências nos levam a especular sobre a existência de um mecanismo não-físico, que permita regular os processos mentais da consciência independentemente do cérebro físico.
            Segundo o Paradigma Consciencial, base teórica e prática da Conscienciologia, possuímos, além do corpo físico (soma), um corpo energético (energossoma), um corpo emocional (psicossoma) e um corpo mental (mentalsoma, paracérebro, paracorpo do discernimento). Este seria responsável pela regulação dos processos mentais não-cerebrais, não-físicos. Ele executa as mesmas funções do cérebro físico num nível mais avançado, quando estamos projetados fora do corpo humano. O mentalsoma também acumula experiências, memórias e aprendizados advindos de outras vidas, o que permite que ele seja muito mais complexo do que o cérebro físico.
            Sendo mais sutil, mais sofisticado e mais antigo do que o cérebro da atual vida intrafísica, o paracérebro preside o cérebro físico. Todas as atividades intelectuais, reflexivas, de aprendizado e de compreensão são gerenciadas pelo mentalsoma. Atividades como pesquisa, estudo e reflexão ajudam a trazer as capacidades infinitas do mentalsoma para a vida intrafísica. E atitudes mais despojadas e desapegadas em relação à dimensão material nos permite entrar em maior contato com a dimensão mental, onde o mentalsoma se manifesta.
            O cérebro humano ainda possui instintos e pulsões animais que precisam ser reprimidos para a convivência harmoniosa da humanidade e para a evolução das consciências a um nível mais universalista e megafraterno. O mentalsoma prescinde desses aspectos subumanos. É interessante desenvolver o discernimento e atitudes mais cosmoéticas, o que possibilita estreitar a conexão do cérebro com o mentalsoma e permite que o paracorpo do discernimento atue na evolução dos seres humanos e da humanidade para uma era mais pautada na interassistência do que na manutenção de desigualdades, guerras e doenças.

Fonte: Site Intercampi postado em 09/Setembro de 2009.

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