terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Higiene mental e assistência

Andréa Nascimento
            Sempre é bom pensar bem do outro, ou seja, de qualquer consciência, para que seja possível realizar a assistência que atenda a necessidade da mesma em um momento oportuno de (re)encontro multidimensional. Ao se pensar bem de qualquer consciência, estamos contribuindo com os amparadores daquela consciência a ser assistida em qualquer dimensão, o que facilita o trabalho dos mesmos.
            A qualidade assistencial tem a ver com a intencionalidade do assistente. Se no momento de realizar essa tarefa ele estiver com o seu padrão de pensenes (pensamentos, sentimentos e energias) hígido, o mesmo poderá ser assertivo e ampliar a compreensão acerca da necessidade assistencial do outro. Se ocorrer o contrário, ou seja, os pensenes estiverem desorganizados ou entrópicos, se perderá a oportunidade de se vivenciar um momento assistencial de qualidade.
            Muitas consciências não conseguem sequer pensar bem de si mesmas e isso também é um impeditivo a autoassistência, uma vez que a consciência entra em um estado de desvalorização pessoal que a deixa em uma condição de baixa autoestima e com isso não consegue ser assistencial nos ambientes em que se manifesta. E o mais grave, estas consciências vitimizadas acabam se afinizando com consciências emocionalmente enfermas, contribuindo na manutenção de ambientes patológicos.
            Toda e qualquer consciência que se propõe ao trabalho de desenvolvimento assistencial na multidimensionalidade deverá desenvolver a sua atenção ou hiperacuidade para os diversos contextos em que poderá ocorrer uma solicitação à sua capacidade de assistir, seja através de suas ideias esclarecedoras, seus sentimentos fraternos ou suas energias pacificadoras.
            Da mesma forma, toda consciência a ser assistida tem uma necessidade que, muitas vezes, não é compreendida nem por si própria nem por quem se propõe a assisti-la. Nesse caso, observa-se que pela simples interação facilitada entre ambos, pelo acolhimento e respeito ao outro, já poderão ser assistenciais, uma vez que esse padrão de energias fraternas facilita a atuação dos amparadores de modo que seja feito o necessário e o possível àquela consciência que se apresenta em condição desfavorável.
            Neste sentido, torna-se importante preservar a higidez pensênica o tempo todo. Isso é possível através do esforço em manter pensamentos e sentimentos cosmoéticos e fraternos, buscar ter experiências reflexivas, ter leituras mais críticas e menos emocionais, desenvolver estudos que promovam a criticidade, buscar a mobilização de energias, e outros tantos recursos que possam contribuir para a ampliação da lucidez e do mentalsoma, corpo mental da consciência.
            Na multidimensionalidade, o assistente se depara com vários níveis conscienciais que, dependendo do padrão pensênico do ambiente (conjunto de pensenes ou holopensene), pode caracterizar a possibilidade maior ou menor de acesso assistencial. Neste sentido, consciências patológicas que exteriorizam pensenes doentios e se afinizam pelo padrão holopensênico poderão dificultar a entrada e permanência de um novo padrão asssistencial e renovador, dificultando a realização de assistência. No entanto, as consciências afinizadas por pensenes hígidos facilitam a interassistência no momento em que o assistente se propõe ou é solicitado à realização da tarefa.
            Portanto, vale o esforço contínuo de se pensar bem do outro, suspender as suas crenças e pressupostos em relação a qualquer consciência, para, assim, se efetivar uma assistência com qualidade.
            Diante disto, o trabalho assistencial desenvolvido em qualquer dimensão consciencial poderá ser melhorado, continuamente, a partir da intencionalidade do assistente em engajar-se no compromisso de ajudar na profilaxia dos ambientes em que se manifesta. Com isso, as consciências imaturas saem ganhando quanto à qualidade da assistência que recebem, porque os pensenes desta consciência envolvida com a assistencialidade cosmoética exterioriza energias compatíveis com a sua intencionalidade. Neste sentido, o enfoque dado à coerência pensênica em todas as atuações e experiências do assistente possibilita uma vivência impar no seu microuniverso consciencial que acaba ajudando o mesmo a compreender e aprender no processo assistencial.
Andréa Nascimento é pedagoga, pesquisadora e voluntária da Intercampi.

Fonte: Site da Intercampi postada em 21/janeiro de 2010.
http://intercampi.org/2010/01/21/artigo-higiene-mental-e-assistencia/

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