terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ser assistencial


Iara Suassuna
            O ato de assistir, ajudar, socorrer, atender e auxiliar é relativamente simples, podendo ser exercitado em pequenas ações, de acordo com nossos princípios e valores. No entanto, para algumas pessoas uma ação simples como doação de sangue parece uma realidade ainda distante. Esse é o panorama das relações sociais hoje, no tangente à cooperação e à solidariedade, ainda tão incipiente neste planeta hospital-escola.
            Desde as mínimas ações de civilidade e boas maneiras até as ações solidárias de cooperação sincera e fraterna entre as pessoas, são raras as iniciativas. Poderemos então, refletir sobre o nosso posicionamento frente a essa realidade? Qual a nossa disponibilidade íntima, desejo ou interesse de nos tornarmos seres assistenciais?
            Há uma tendência egocêntrica de atuarmos, frequentemente, em prol de nossos próprios interesses, ou em algumas situações até com interesse assistencial, desde que as pessoas envolvidas sejam do nosso ciclo familiar ou social. A assistência desprovida de interesse egocêntrico é uma atitude a ser desenvolvida rumo ao altruísmo inevitável, ante a aquisição de maior nível de maturidade consciencial. O amadurecimento é fruto da compreensão de que a assistência interconsciencial madura é condição indispensável para a evolução.
            De acordo com a Assistenciologia, especialidade da Conscienciologia aplicada as técnicas de amparo e auxílio interassistencial, a assistência é sinônimo de partilha, acontece de modo espontâneo, sem esperar reconhecimento ou recompensa.
            A assistência realizada pode ser primária, relacionada às necessidades básicas humanas, exigindo menor esforço, chamada de Tarefa da Consolação, ou pode ser avançada, focada no esclarecimento mais amplo, com emprego do discernimento e cosmoética em prol da ajuda efetiva quanto a evolução consciencial das demais consciências, chamada de Tarefa do Esclarecimento, sendo esta modalidade de efeito mais duradouro e promotora do desenvolvimento da autonomia no assistido.
            O assistente do esclarecimento não tem mais necessidades de pedir para si e não mais posterga suas responsabilidades porque passa a atuar através do exemplarismo de suas condutas autocríticas. Seja nas tarefas assistenciais primarias ou nos desafios evolutivos da tarefa do esclarecimento, a assistência não escolhe dia, hora ou local. O assistente deve está sempre pronto a atuar de acordo com suas potencialidades.
            Há uma lei básica na assistencialidade embasada no principio que, o menos doente, mais experiente, ajuda o mais doente, menos experiente. Desse modo, tem sempre alguém a quem podemos ajudar, bem como podemos ser assistidos em algum aspecto consciencial.
            Com a dinamização da comunicação, efeito do mundo globalizado, ninguém teve antes, neste planeta, tantas oportunidades de contatos interpessoais capazes de dinamizar a própria evolução através das possibilidades assistenciais. Essas oportunidades de ajudar os demais podem surgir impostas pelo contexto da própria vida humana e de circunstâncias grupocármicas ou geradas pela vontade e determinação da consciência.
            Vale a pena o aprofundamento na autopesquisa e o investimento na melhoria dos seus desempenhos maduros, ampliando cada vez mais a compreensão da relação evolução-assistência.
            Portanto, leitor, não espere estar totalmente preparado para assistir, comece hoje, observando as demandas do mundo em volta, as oportunidades de ser assistencial serão muitas.
Iara Suassuna é psicóloga e voluntária do INTERCAMPI.

Fonte: Site da Intercampi postada em 13/maios 2010.
http://intercampi.org/2010/05/13/artigo-ser-assistencial/

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