quinta-feira, 14 de março de 2013

Monoideísmo - Travão evolutivo


Maria Regina Camarano
            As pessoas expressam a sua vontade e intenção por meio do pensene (pen+sen+ene), termo que representa a unidade indissociável de manifestação da consciência, formado por três elementos: pensamento, sentimento e energia. O conjunto dos pensenes de uma pessoa configura o seu holopensense.
            O monoideísmo é um pensene repetitivo ou uma ideia fixa. Popularmente, costuma-se dizer que a pessoa está “ruminando” um pensamento. Outros sinônimos de monoideísmo que podem ampliar a compreensão do assunto: monopensene, monovisão, eco mental, pensene estagnado, obsessão, quando uma só ideia ocupa a mente.
            É possível considerar que a pessoa monoideica tem como holopensene a ideia fixa ou o monopensene, pois a média dos pensamentos que ocupa a sua mente gira em torno de, apenas, uma ideia. Essa reflexão remete, de imediato, aos problemas intra e interconscienciais (da própria consciência e decorrentes da relação com outras consciências) que podem ser vivenciados pela pessoa que cultiva a ideia fixa, repercutindo no seu desempenho evolutivo.
            Segundo a Conscienciologia – ciência que estuda a consciência, o “eu”, o ego ou self, o princípio inteligente –, a consciência evolui a partir de sua vontade e do investimento em si mesma (autoinvestimento), utilizando ou propiciando, com discernimento, oportunidades evolutivas, ao longo de suas várias existências. A lucidez em relação ao princípio da evolução da consciência é o primeiro passo para se investir na superação das limitações impostas pelo monoideísmo. Outra etapa importante para essa superação é a compreensão do processo de manutenção do monoideísmo e dos fatores que o desencadeiam, com a perspectiva de investir em direção a sua ruptura.
            A pessoa que cultiva a ideia fixa não aproveita as oportunidades de evolução, pois ela está fechada para aprender com os erros, os acertos, a convivência, as doenças, e com os demais acontecimentos da sua existência. Falta-lhe, principalmente, abertismo consciencial para descobrir as alternativas ou opções que possam surgir para a resolução de seus problemas e para a sua reciclagem existencial, ou mudanças necessárias para melhorar a sua condição de vida, de modo a superar a tendência doentia de se fixar no problema e não buscar a solução, a partir de novas ideias.
            A manutenção da ideia fixa se dá, em geral, pelo processo de retroalimentação dos pensenes, no caso, do monopensene. Enquanto a consciência não romper com o padrão pensênico dominante, ele tende a se reproduzir e se fortalecer. Se esse padrão pensênico tiver o foco em uma ideia fixa, favorece essa ideia. Quando o padrão pensênico for centrado na flexibilidade mental, favorecerá essa flexibilidade, em favor da análise e admissão, com autodiscernimento, de novas idéias (neoidéias) em conjunto, que poderão produzir efeitos libertários para a consciência. Uma técnica que pode ser utilizada para romper com a retroalimentação da ideia fixa é a vigilância do padrão pensênico, buscando-se, através da análise diária dos pensenes, identificar qual o pensene recorrente e trabalhar no sentido de desconstruí-lo, através do autoenfrentamento da situação que se apresenta como a causa do monopensene. Por exemplo, a pessoa acometida de ressentimento tem a tendência de “ruminar” esse sentimento, o qual se torna um monopensene.
            Entretanto, o monoideísmo não deve ser confundido com a autodeterminação, ou seja, qualidade da consciência que, aliada à vontade, possibilita à pessoa estabelecer metas e investir para atingi-las, sobretudo, em se tratando de metas com vistas a sua autoevolução. Nessa perspectiva, a ideia fixa não implica em rigidez, sendo sadia e equilibrada. A sua retroalimentação torna-se favorável, pois fortalece a pessoa para superar seus traços imaturos, ou traços fardos, e os entraves ou gargalos que dificultam o cumprimento das metas evolutivas, podendo ser considerado um monoideísmo cosmoético (cosmoética, ou ética cósmica, é a ética de todas as dimensões em que a consciência atua), à medida que, ao superar os traços imaturos, a pessoa amplia o seu autodiscernimento e, consequentemente, as suas ações começam a ser pautadas pela cosmoética.
            Como hipótese de investigação sobre as consequências ou reflexos do monoideísmo nas pessoas, ressalta-se a repercussão na saúde do holossoma (conjunto dos corpos que a consciência utiliza para atuar nas várias dimensões): no energossoma ou corpo energético, a intoxicação energética, pela falta de renovação dos pensenes e, consequentemente, das energias conscienciais; no mentalsoma ou corpo mental, a falta de flexibilidade mental e de abertismo para admitir as ideias novas, retroalimentando o monopensene; no psicossoma ou corpo das emoções, a repressão da afetividade pela dificuldade de exercitar o binômio da admiração-discordância, o que dificulta a convivência; no soma ou corpo físico, a presença de doenças relacionadas às articulações.
            Enquanto hipótese de investigação sobre a profilaxia para se impedir a instalação ou superação do monoideísmo destacam-se as seguintes sugestões: a leitura de obras úteis de assuntos diversos, que possibilitam a criação de novas sinapses cerebrais; a admissão e entendimento dos paradoxos do processo de evolução da consciência, por exemplo, o fato de a evolução ser individual, e, no entanto, para evoluir a consciência necessita do grupo; o fraternismo ou a vontade de ajudar o outro; o exercício do binômio da admiração-discordância; a compreensão do alcance da cosmoética (a ética de todas as dimensões); o estabelecimento de metas para a autoevolução; o universalismo; o princípio da descrença, proposto pela Conscienciologia, em que a experiência pessoal e a reflexão sobre essa experiência, com o máximo de discernimento, são superiores à crença; a admissão, pelo autodiscernimento, das vivências das parapercepções ou parapsiquismo; dentre outras qualidades conscienciais.
            Com base no princípio da descrença, o leitor ou a leitora, a partir de suas próprias experiências, terá oportunidade de refletir sobre as ideias aqui expostas e, no caso de identificar que o seu pensene predominante é uma ideia fixa ou um monopensene antievolutivo, poderá aprofundar o seu autoconhecimento, utilizando os recursos propostos pela Conscienciologia, na perspectiva de superar o travão evolutivo, consequência do monoideísmo.
Maria Regina Camarano é pesquisadora da Conscienciologia – INTERCAMPI Recife

Fonte: Site da Intercampi postada em 24/março de 2011.
http://intercampi.org/2011/03/24/artigo-monoideismo-%E2%80%93-travao-evolutivo/

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