segunda-feira, 29 de abril de 2013

Relações sociais e oportunidades evolutivas



Fátima Duda
            O círculo de relações é o grupo social cultivado pela consciência intrafísica lúcida na vida multidimensional, norteado pelo conjunto de pensamentos, sentimentos e energias da própria evolução consciencial.
            Visando tirar melhor proveito evolutivo da atual experiência intrafísica, propõe-se a aplicação do princípio popular diz-me com quem andas e te direi quem és. A sugestão é fazer uma análise crítica, criteriosa e cosmoética (ética que extrapola a moral social) dos perfis psicológicos das consciências, componentes dos seus círculos de relações. Procurar estabelecer pontos de convergências e divergências entre você e elas, em face dos comportamentos alheios reprovados por você e que lhe incomodam ao ponto de deixá-lo irritado.
            Desconfie quando algo pensado ou praticado por outra pessoa lhe incomodar em demasia. Seja autocrítico, reavalie a situação com esmero e procure se ver antes, durante e depois do fato ocorrido. Analise as circunstâncias em que o fato (acontecimento intrafísico) ou parafato (acontecimento extrafísico) se deu, observe as energias das pessoas envolvidas e do ambiente, levante hipóteses e tire conclusões.
            O incômodo, originário de si mesmo ou de consciência assediadora intrafísica ou extrafísica, é uma boa sinalética para apontar o que precisa ser modificado em nós. A assertividade está em encarar o problema de frene, refletir sobre ele, elaborar um diagnóstico e formas de enfrentá-lo até a sua superação. A consciência, assim procedendo, cria para si uma crise de crescimento positiva.
            Todos querem ter uma vida melhor, bem-estar, pacificação íntima, equilíbrio, mas poucos estão dispostos a pagar o preço exigido. O preço da evolução sem penúria é a crise de crescimento; a condição é o abandono da zona de conforto; a ponta do iceberg são os mecanismos de defesa do ego; o elemento indicador de que estamos verdadeiramente investindo no processo evolutivo pessoal é a natureza dos ganhos positivos acrescidos a nossa Ficha Evolutiva Pessoal – FEP (saldo positivo de todas as nossas existências até o momento atual). Por essa razão, muitos tentam camuflar o desconforto se contentando com os “ganhos” secundários, por lhe trazerem algum alento, atitude autocorruptora e reforçadora do auto e heteroassédio, tendente ao padecimento.
            Esse contentamento mínimo, embotando o discernimento e dissimulando a inquietação íntima, pode estar associado a uma condição assediadora iniciada pela própria consciência e passível de, com o decorrer do tempo e pela afinidade, atrair outras consciências com esse mesmo padrão, agravando o quadro. Cedo ou tarde o desconforto reaparecerá com força total, semelhante à arrebentação das ondas do mar sobre as rochas. Vencido pelo cansaço, surgirá o sofrimento no lugar da crise de crescimento e não haverá outro jeito a não ser enfrentá-lo. Investir numa condição já sabida deficitária não parece uma escolha inteligente. È pertinente indagar-se: qual o ganho real obtido pela consciência que assim procede?
            Ressalte-se que a crise de crescimento e o sofrimento diferem entre si. A crise de crescimento é o conflito íntimo experimentado pela consciência, decorrente da análise dos fatos e parafatos que lhe deram origem. Essa condição intraconsciencial pode favorecer autoenfrentamentos, atitudes novas e proativas, escolhas específicas viabilizadoras de rupturas edificantes. É, portanto, positiva, otimista, intencional, prevista, monitorada, avaliada e gera autoconfiança. O sofrimento, ao contrário, é dor física ou moral continuada, aflição, amargura, desgosto, penar; é uma condição imposta e nem sempre a pessoa atina para as suas causas.
            De qualquer modo, a consciência irá evoluir: querendo ou não; com ou sem sofrimento; com passos largos ou curtos; rápido ou devagar quase parando. É mais inteligente encarar as dificuldades com discernimento, realismo e bom humor (saúde consciencial); apropriar-se de conhecimentos e técnicas que ajudem a consciência lúcida a investir nos contatos interconscienciais, com cortesia e amizade; buscar relações transformadoras capazes de melhorar, reciclar ou aperfeiçoar o microuniverso consciencial pessoal ou a própria vida da pessoa.
            A consciência, comprometida com o holopensene (conjunto de pensamentos, sentimentos e energias) da convivialidade fraterna, tira proveito evolutivo das oportunidades advindas dos seus relacionamentos sociais e, pelo exemplarismo pessoal, resplandece, propaga a sua aprendizagem e os bons resultados alcançados, influenciando positivamente o seu círculo de relações.

Fátima Duda, voluntária do INTERCAMPI em Recife.

Fonte: Site da Intercampi, postado em 26/setembro de 2012.
http://intercampi.org/2012/09/26/relacoes-sociais-e-oportunidades-evolutivas/

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